Há umas semanas contei-vos como decorreu todo o meu processo preliminar de casamento, com todas as peripécias a que tive direito. No entanto faltava falar-vos de algo muito importante; Afinal, como foi o dia do meu casamento pelo Registo Civil ?
E tal como prometido, venho aqui novamente para vos contar como foi o meu dia.
O DIA DO “SIM”
Tal como vos referi no meu post anterior, o meu casamento pelo registo civil teve lugar no dia anterior à celebração. Por isso, segundo a lei portuguesa, o meu registo de casamento tem a data de 11 de Junho de 2021.
Para mim, este era um dia como outro qualquer. Sempre o vi, não como a data do meu casamento, mas como o dia em que iria assinar um papel que referia que o meu estado civil iria ser alterado. De qualquer maneira, conhecendo-me bem e para não vir a ter arrependimentos posteriores, fiz questão de comprar um vestido lindo, em branco (escolhido duas semanas antes) e usá-lo para comemorar este dia.
Apesar de saber de antemão que não podiam haver testemunhas presentes, fizemos questão de levar as nossas mães e o meu cunhado connosco. De seguida íamos diretos para o local onde iriamos dormir nessa noite por isso faria todo o sentido. Apesar de para mim e para o meu marido este dia não significar tanto como o dia a seguir, percebi que para elas era bastante importante estarem presentes, mesmo que do lado de fora da conservatória.
O DIA 11 DE JUNHO
Chegamos à conservatória um pouco antes das 10h. Eu, que odeio chegar atrasada, já tinha uma leve ponta de stress por estar em cima da hora. Assim que a funcionária do registo apareceu no hall de entrada, referimos que estávamos ali para nos casar. Admito que me senti um pouco desconfortável com os olhares das pessoas à minha volta. Não vos sei dizer com toda a certeza o porquê, mas senti que me estavam a achar uma tonta por ir assinar um papel com um vestido branco. Então comecei a duvidar um pouco se estar tão aperaltada não seria um exagero.
Pouco tempo depois chamaram pelos nossos nomes e, ao ver que estávamos acompanhados, a funcionária alertou-nos que normalmente não deixavam entrar mais ninguém nesta fase de pandemia. Por um lado achei que estava a tentar que garantíssemos que realmente íamos sozinhos. Mas tenho em mim que se as nossas mães batessem um bocadinho o pé poderiam entrar.
Dirigimo-nos para uma sala onde predominavam as cores terra – nas mesas, no chão, nas cadeiras e mobiliário. Era uma sala extremamente profissional e realmente fazia lembrar as salas jurídicas que vemos na televisão. Sentámo-nos cada um numa cadeira, demos as mãos e aguardamos a chegada da conservadora.
A “LEITURA DO CONTRATO”
Contrariamente ao que já tínhamos passado naquela conservatória, ela era um amor de pessoa. Profissional, mas sorridente. Recordo-me que confirmou primeiro os nossos dados e havia um problema com o meu nome de casada, já que faltava um dos apelidos que iria colocar. Deixou-nos mais um bocado sozinhos e quando voltou deu início a uma cerimónia um quanto solitária, apenas connosco à sua frente.
Confirmou novamente os nossos dados, o que me entristeceu um pouco ao ouvir falar nos nomes dos nossos pais e sabendo que as nossas mães estavam lá fora. Olhei para duas cadeiras que estavam à minha esquerda e imaginei-as ali a soluçar (porque conhecendo-as como conheço, certamente que se iriam emocionar).
Começou por explicar-nos o que significava o casamento perante a lei portuguesa. Apesar de importante, confesso que não prestei muita atenção. Para mim aquilo era apenas uma leitura. O contrário do sentimento e romantismo que eu achava que um casamento deveria ter. Felizmente foi um discurso curto e passamos diretamente para a parte que mais interessava -a confirmação do casamento pelo registo civil.
A conservadora pediu então que nos levantássemos e acho que foi aí que me apercebi que 5 minutos depois o meu estado civil iria mudar. Fiquei um pouco emocionada, mas respirei fundo e tomei atenção ao que ela nos dizia. Perguntou-nos se era de livre vontade que estaríamos a casar e ao ouvir resposta afirmativa, proferiu a frase que queremos ouvir desde que sonhamos com o casamento. E agora sim estamos casados.
SEGUNDO A LEI PORTUGUESA, ESTAMOS CASADOS
Não me recordo bem do que fizemos na altura mas ou devemos ter dado um abraço ou devemos ter dado apenas a mão porque a conservadora teve que nos dizer que podíamos dar um beijo. A funcionária deve ter percebido o nosso desconforto por tirar as máscaras. Na verdade, apenas não queria que ela própria se sentisse desconfortável. No entanto, ela deixou-nos à vontade enquanto foi buscar o nosso certificado e demos então o famoso beijo que sela a celebração de um casamento.
Pegamos no certificado que ela nos deu e saímos da conservatória. Não queria fazer muito alarido ao sair. No entanto, era notório o que um casal com uma mulher vestida de branco e um documento na mão quereriam dizer. Assim que saímos para o hall de entrada, lá estavam as nossas mães, meio chorosas e o meu cunhado que nos deu imediatamente os parabéns. Plano falhado, ao não querer dar nas vistas.
O MEU SENTIMENTO
Após o meu casamento pelo registo civil não senti que estava casada. Sempre tive na minha mente que o meu casamento era no dia 12 de Junho. Então no meu pensamento eu “apenas” fui assinar um documento. Acho que apenas comecei a sentir o choque da realidade quando olhei para o papel que tinha na mão e dizia “Teresa Rodrigues”.
Acho que estava tão pouco em mim que até me esqueci de tirar uma foto, por isso não tenho nenhuma para vos mostrar – desculpem!
No entanto, se me perguntarem hoje em que dia eu casei, eu vou dizer sempre o 12 de Junho. Porque para mim, não quero festejar o dia em que assinei os papéis; quero comemorar aquele que partilhei com a minha família e amigos, o amor que eu e o meu marido sentimos um pelo outro .
E para vocês como foi casar pela conservatória ? O sentimento foi semelhante ao meu ?